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Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

O Caminho da Mó

outeiroseco, 08.07.10

 

Dando continuidade à publicação de textos, desta vez pequenos episodios locais, com a colaboração do amigo Nuno. No entanto solicitamos que os enviem episódios, que possam ser aqui publicados. Todos nós conhecemos pequenas histórias que seria importante serem partilhados com os outros. O Blog agradece.


"Há alguns anos atrás durante o Inverno, em especial nos períodos mais chuvosos, os terrenos da Mó tornavam-se alagadiços, porque recebiam as águas que vinham de cima do lugar do Cruzeiro. Os seus proprietários como medida de protecção iam de noite fechar os gateiros de acesso às suas terras, direccionando a água pelo caminho, que se transformava

num autêntico ribeiro.

Um desses proprietários cujo terreno confinava também com o cemitério, estando retido em casa por uma crise de reumatismo, incumbiu o seu filho ainda adolescente, de fazer tal tarefa.

O rapaz lá foi todo importante, pela responsabilidade que o pai lhe confiara, mas em breve apareceu em casa todo assustado e espavorido.

- Credo rapaz! O que te aconteceu para vires nesse estado - perguntou o pai.

- Vossemecê, não me peça para ir virar a água. Os mortos andam-se a rilhar uns aos outros no cemitério.

- Tu és mas é um grande caguinchas é o que tu és - retorquiu o pai. Não estivesse como estou, e quem lá ia era eu.

Oh pai! Acredite em mim, se lá quiser ir eu até o levo às costas.

Perante a insistência do filho, lá foram os dois em direcção à Mó.

Nas proximidades estava um rebanho cancelado, e cujo pastor por estar próximo da aldeia, dispensara-se de lá dormir. Como o rebanho estava sem guarda, dois jovens combinaram roubar um cordeiro. E enquanto um foi ao rebanho, o outro, ficou de atalaia junto ao cemitério, entretendo-se a comer nozes que as partia com os dentes.

Quando pai e filho chegam próximo do cemitério, o jovem que estava de atalaia, ao ver um vulto carregando um volume às costas, pensando que era o seu compincha, perguntou.

- Trazes o vivo ou morto?

Ao  ouvir isto o nosso homem, esqueceu a crise de reumatismo e zarpou em direcção a casa, tendo ainda chegado primeiro que o filho."

Nuno Santos

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