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Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

A Via Sacra

outeiroseco, 23.03.07
Sendo o lema de Outeiro Seco “Tradição e Modernidade”, porque estamos na época da Quaresma, lembrei-me de fazer um Post sobre a via sacra que tem uma grande tradição na nossa terra, e está a ser requalificada com alguns retoques de modernidade.
 A via sacra, consiste num exercício em que os fieis, percorrem mentalmente a caminhada de Jesus Cristo a carregar a cruz, desde o pretório de Pilatos onde foi condenado à morte, até ao monte Calvário onde foi crucificado.
Esta prática decorre durante o período da Quaresma, ou seja, a partir da quarta-feira de cinzas, até à sexta-feira santa.
È uma prática que vem dos primórdios do Cristianismo, teve a sua origem na época das cruzadas (séculos XI / XIII) onde os fiéis que então na terra santa, percorriam os lugares sagrados da paixão de Cristo, quiseram reproduzir no ocidente essa mesma peregrinação.
Outeiro Seco, será porventura das aldeias da nossa região, onde o exercício da via sacra mais se venera, a atestá-lo está o nosso calvário, (século XVIII ?) agora em fase de requalificação. As estações são simbolizadas por uma cruz em pedra, a primeira situa-se no centro da aldeia junto à capela do Sr. Do Rosário, as restantes, com uma cadência de 50 a 60 metros, estão ao longo da estrada para norte, até ao Sr. Dos Desamparados.
Todas as sextas-feiras santas do ano, homens e mulheres, jovens e velhos, mantêm essa tradição fazendo este percurso de cerca de mil metros, cantando e rezando trechos alusivos à paixão de Cristo.
Nos restantes dias da Quaresma, a via sacra é realizada na igreja matriz. Aí estão colocados na parede 14 retábulos que simbolizam as 14 estações ou etapas da via dolorosa de Jesus Cristo.
Os primeiros textos conhecidos remontam ao século XV, foram escritos por um peregrino inglês (William Wey) que esteve duas vezes na terra santa.
Mas desde aí têm sido muitas as alterações dos textos utilizados nesta pratica religiosa, uma das últimas foi operada em 1991 pelo Papa João Paulo II.
Os textos são declamados quase sempre por mulheres, apesar da pouca instrução das mesmas, o facto de serem em verso facilitava a sua assimilação.
Em Outeiro Seco no início do século passado, a via sacra era dita pela Sra. Maria dos Anjos, depois por Arminda Afonso (minha avó) Maria Chaves mais conhecida por Marquinhas Jacinto, Maria Pispalhas, mais recentemente por Ester Afonso e Tina São. Entretanto com a chegada do Sr. Padre José Banha na via sacra da sexta-feira santa os textos seleccionados por este são de leitura colectiva.
Mas aquela que eu guardo na minha memória, é a que dizia a Sra. Maria Chaves (Pispalhas) com especial relevo para os versos onde se discriminam os castigos infligidos a Jesus Cristo e os versos finais que terminavam assim:
 
Meu Jesus vou retirar-me
È preciso, vou-me embora
Fazei que eu sempre me lembre
Do que meditei agora.
 
Vou me embora, mas cá fica
Convosco meu coração
Estarei sempre a vossos pés
Em contínua oração
 
Virgem mãe abençoai-me
E pedi sempre a Jesus
Que nos ajude até que o vejamos
Na pátria da eterna luz.
 
Postal de Lisboa
Nuno Santos
Fontes: Wilkipédia e Esmeralda Afonso

Solar dos Montalvões

outeiroseco, 06.03.07

O Solar dos Montalvões foi mandado construir pelo capitão de cavalos José Álvares Ferreira no primeiro quartel do séc. XVIII. Foi construído em duas fases distintas. A primeira, a mais nobre, a Poente, é constituída por três pisos, formando a frontaria, tendo bonita capela e portão principal, este encimado pelo respectivo brasão dos Ferreiras e Álvares.
A segunda parte, a Nascente e Sul, mais dedicada às actividades agrícolas, foi construída mais tarde, em 1782.
O último usufrutuário efectivo possuidor do solar foi o Dr. Maria Ferreira Montalvão.
O Solar dos Montalvões é propriedade da Câmara Municipal de Chaves, desde 1986, tendo sido adquirido, com o propósito de ser instalado um parque de campismo, nos terrenos anexos pertencentes à Quinta. Mais tarde foi entregue à UTAD para ser instalado a Pólo da Universidade, facto que nunca se verificou.
O Solar pode ser visita exteriormente, mantendo-se em bom estado de conservação.
A localidade tem desfrutado do Pátio do Solar para actividades lúdico/culturais desenvolvidas pela Casa de Cultura, Associação “Mãos Amigas” e Junta de Freguesia.
Espera-se que a devolução à Autarquia aconteça o mais rápido possível, para que os sonhos e projectos se tornem efectivos.