Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Um Feliz ANO NOVO / Uma passagem de ano trágica

outeiroseco, 31.12.11
 
 

 TUDO DE BOM PARA 2012

PARA OS AMIGOS DO BLOGUE

 Nem sempre a passagem do ano foi como agora, um dia de grande exuberância e consumismo com mesa farta, de marisco, champanhe e passas para pedir os desejos à passagem das doze badaladas. Também não havia a preocupação de vestir cuecas brancas para se ter um ano de paz, cuecas amarelas para chamar o dinheiro, vermelhas para ganhar energia, ou verdes para atrair a saúde. Antes não havia os meios financeiros de hoje, nem a televisão para fazer a promoção de tanta oferta turística.

 Em Outeiro Seco, o deitar o ano velho fora como se dizia, quase nunca foi uma festa colectiva, as famílias costumavam passar a noite nas suas casas, ainda que em alguns anos, se tenha acendido no largo do tanque uma grande fogueira, tal como acontece noutras terras na noite de consoada, a que chamam o célebre madeiro.

Na nossa terra o acender da fogueira na noite da passagem de ano, tem acontecido de forma intermitente, e a primeira vez que tal aconteceu foi no ano de 1948, tendo como seus promotores; Alfredo Ferreira dos Santos, Orlando Costa e José Luís Martins, estes dois últimos já falecidos.

O costume, era durante a noite os caçadores, darem uns tiros com cartuchos de pólvora seca, para deitarem o ano fora diziam eles, e os jovens mais velhos, tocarem o sino à meia-noite.

Ora, foi precisamente por tocarem o sino à meia-noite, que no início da década de sessenta, aconteceu nessa noite um episódio , com consequências  altamente muito dramáticas. O tocar prolongadamente o sino, incomodava alguns vizinhos que viviam mais próximos da igreja, mas sobretudo, o Toninho Carreira, que entrava em pânico quando tal acontecia. Ora nesse ano os jovens levaram longe de mais essa operação, fazendo com que o Toninho saísse de casa para impedir que continuassem a tocar o sino.

E à medida que se aproximava da igreja, o Toninho já vinha ralhando contra os desconhecidos. Mas foi já próximo da igreja, que do grupo dos jovens, alguém lhe atirou uma pedra, e o atingiu fulminantemente na cabeça. De imediato o sino calou-se e da euforia passou-se ao dramatismo, porque todos pensaram que o Toninho tinha sido morto.

Transportado de imediato ao hospital, o Toninho porque tinha sete vidas, sobreviveu, mas o caso não ficou o incólume, custando ao Cipriano Sobreira presumível autor da pedrada, dois anos de prisão efectiva.   

E assim se passou a noite de passagem de ano mais trágica na aldeia. Oxalá jamais se repita e, que todos tenham uma noite feliz. Não esqueçam, vistam cuecas verdes, para que tenham um ano com muito saúde.

Nuno Santos

Museu Virtual..mais peças, mais valioso

outeiroseco, 17.12.11
 
 
 
 
 

Voltamos ao nosso Museu Virtual de Outeiro Seco. Agradeço todas as contribuições prestadas e apelo aos que ainda, por qualquer motivo, não deram o seu contributo o favor de prestar o seu dever de Membro Fundador. Não levem  mal...é Natal.
Estas peças fazem parte do meu espólio que vou colecionando, preservando a memória dos meus familiares e outras ofertadas por amigos.
Posto isto, aqui ficam seis peças bem familiares, a bilha do azeite, o crivo, o pião das nicas, a espátula do linho, a travessa familiar, as formas de fazer socos, que possivelmente para os mais jovens, da era do plástico, já pouco importância lhe atribuem. E é para eles que estas peças são guardadas para um dia alguém tiver a inteligência e coragem de as recolher, conservar, estudar, expor e explicar as suas origens.

 Quem saberá o que o futuro nos reserva… para já o que importa é pagar a divida e produzir mais riqueza, mas também há quem defenda que é em tempos de crise que a aposta forte deve ser na educação e qualificação dos cidadãos.

Bom fim de semana e excelentes compras de Natal

Uma questão de medida

outeiroseco, 13.12.11

Diz-se que as conversas dos homens, ou incidem sobre futebol, ou então, sobre política, de permeio introduzem algumas gabarolices, sobre as suas conquistas amorosas.

Já pelo contrário, as mulheres segundo os sociólogos mas também as próprias conversam sobre tudo, ainda que de uma forma mais ligeira e menos aprofundada.

Ora há muitos anos, quando em Outeiro Seco havia muitas leiteiras, após distribuírem todo o leite pelas suas freguesas, regressavam a casa montadas nos seus burros, fazendo lembrar aqueles grupos de ciganos nómadas, que andavam de terra em terra. Como a estrada não tinha o trânsito automóvel de agora, as leiteiras caminhavam em grupo para melhor dialogarem umas com as outras, não havendo a necessidade de caminharem em fila indiana junto à berma da estrada. Faziam-no só quando se cruzavam com algum carro, e de tal forma o fizeram em segurança, que creio não haver o registo algum acidente com leiteiras, nos muitos anos que durou esta actividade, da venda do leite na cidade.

Mas voltando à conversa das mulheres, como é sabido as leiteiras eram muitas, e reviam-se todos os dias à mesma hora, no mesmo local. E para gastarem o tempo no trajecto da cidade à aldeia, falavam de tudo e de todo o mundo, por vezes, a conversa descambava até para a brejeirice, pois algumas não resistiam a uma bebida ofertada pelas freguesas, ficando por isso mais desinibidas.

De tal forma que um dia, uma delas soltou a seguinte exclamação!

- Bós sabeis, que há outras maneiras, sem ser os nossos homens por cima? Eu e o meu Zé já experimentamos, mas como eu sou larga de ancas, e ele é pouco abonado, num conseguimos!

Não se conhece a reacção no momento das outras, o certo é que alguma das presentes divulgou depois este desabafo, de tal modo que a expressão “ larga de ancas e pouco abonado” são frequentes ouvirem-se na aldeia.

Nuno Santos

 

A estória de uma fuga

outeiroseco, 08.12.11
 

Para mim os Santos, são sobretudo ir ver o concurso do gado e, comer o polvo à galega do Manolo. Neste ano pude mais uma vez cumprir essa tradição, e quis o acaso que me reencontrasse com o Sérgio, o filho mais velho do Manolo, o qual vive em Espanha por causa de um episódio, onde eu por casualidade também participei.

Foi em meados da década de sessenta, e a economia começava já a dar alguns sinais de desenvolvimento, ao ponto do senhor Manolo que, fazia as todas as feiras do gado da região vendendo as suas rações de polvo cozido, como só ele sabe fazer, como o negócio prosperasse, adquirira recentemente uma carrinha Volkswagen de cor branca e vermelha, cujo modelo era designado por “pão de forma”.

Num domingo após o almoço, o Sérgio que pese embora não fosse encartado, aproveitando a sesta do pai, pegou nas chaves da carrinha, e foi até à nossa aldeia, um trajecto curto, pois moravam e ainda moram na Estrada de Outeiro Seco. Nesse domingo primaveril, quase de verão, havia no estádio municipal o derby transmontano, entre o Chaves e o Vila Real, um jogo que na época não deixava ninguém indiferente, tal a rivalidade existente.

 O Sérgio parando a carrinha no tanque, o lugar do nosso ponto de encontro, abriu as portas traseiras e perguntou!

– Quem quer vir à bola?

De imediato uma chusma de rapazes, na qual eu estava incluído, correu para dentro da carrinha, ocupando a parte de trás, destinada à carga, já que o banco da frente estava destinado ao Silvério, filho do senhor Firmino com o qual o Manolo, tinha uma relação especial num negócio, e segundo diziam as más-línguas, lhes dava mais rendimento que o polvo.

Num de repente a carrinha ficou cheia e lá fomos, amontoados como carga para a feira. Chegados ao Pontão em frente da casa do senhor Firmino, o Sérgio distraiu-se para ver se o Silvério já estava pronto, e perdeu o controle da carrinha que, embateu numa pedra junto à valeta, onde agora está a casa do Eliseu.

Foi um Deus nos acuda, caímos uns sobre os outros, o Agostinho Moura que vinha à janela, fez um pequeno golpe debaixo do papo, o Cesário bateu com a cabeça no tejadilho e fez um pequeno galo, os restantes não tiveram perigo. Como a carrinha ficou um pouco amassada com o embate, o Sérgio, com medo das represálias do pai que não era bom de assoar, fugiu para Espanha, para casa da avó, onde esteve muitos anos sem regressar a Portugal, ainda que se dissesse que era para também fugir à guerra colonial.  

Mas o tempo tudo sara, e nos últimos anos, o Sérgio tem vindo a Portugal, ajudando a família no negócio, que foi de uma vida, mas que agora só se limitam a fazer a feira dos Santos, onde este ano eu revivi com ele esse episódio, passado que foram tantos mas que curiosamente tanto eu como ele nos lembramos de todas as incidências.

Essa carrinha foi depois vendida ao Agostinho Gomes (Redes), servindo para transportar os instrumentos das suas bandas, primeiro os Leaders, depois os New Leaders, ao som dos quais muitas vezes dancei ao som do Kill me softly, do Can’ t live withouth you e tantas outras canções cantadas pelo Luís Portugal o vocalista do grupo.

Nuno Santos

Assembeia-geral de sócios da AMA. Vai dar-se inicio ás obras

outeiroseco, 04.12.11
 

Decorreu hoje, tal como anunciado, a Assembleia-geral de sócios da AMA para aprovação do plano de atividades e orçamento para o ano 2012. A primeira nota prende-se com fato de os associados não comparecem em número significativo (a foto não regista o número total de asssociados presentes),  tal como em reuniões anteriores, mas existiram alguns constrangimentos, nomeadamente a vinda do Sr Bispo de Vila Real a Santa Cruz.

Após apresentação, devidamente fundamentada pelos presidentes da Direção e Assembleia geral, respetivamente,  Manuel Ferrador e Joaquim Costa, os presentes manifestaram a sua opinião apresentando sugestões de relevante interesse. Após prolongada discussão a votação relativa ao plano de atividades e orçamento para 2012, foram aprovados por unanimidade.

O  plano de atividades merece uma referência especial o arranque das obras de construção do Lar, de acordo com as verbas disponíveis. Assim a direção irá fazer diligências necessárias para aprovação do projeto e início das obras no 1º trimestre de 2012.

O orçamento tem de proveitos 95 340,00 € estando destinado 80 000.00 € para os custos da construção. Estre orçamento é realista e é bem provável que se consigam ultrapassar os valores consignados no orçamento apresentado.

O Blogue deseja as maiores felicidades para este ambicioso projeto e que este sonho se torne realidade, sabendo-se das enormes dificuldades em que vivemos, mas do grande sentido de entreajuda e colaboração de todos que, por certo, irão associar-se a esta iniciativa.

Pág. 1/2