A Geração de 1925
A geração de 1925, foi uma das muitas de boa colheita da nossa terra, escrevi este pequeno texto, revivendo algumas incidências com algumas ocorrências com elementos dessa geração.
Dela sobrevivem ainda, três homens e três mulheres; António Bernardo, Manuel Gonçalves (Lelo Gonçalo), Teófilo Costa, Natália Rodrigues Afonso, Amélia Portela e Teresa da Cruz Cortiço.
Na época, os índices de natalidade eram bem maiores, assim como os da mortalidade infantil, não sabemos se morreram alguns, mas se a nossa fonte estiver certa, desse ano de 1925 sobreviveram onze rapazes e seis raparigas, cujos nomes aqui ficam por ordem arbitrária.
Os homens; António Bernardo, Teófilo Costa, Manuel Gonçalves, (Lelo Gonçalo), Joaquim Pipa, Filipe Assunção, Euclides Rio, José Regalia, António Barroco, José da Costa Chaves (Zé Rico) Augusto Salgado e António Castro, as mulheres, Natália Rodrigues Afonso, Natália Coelho da Costa, Teresa da Cruz Cortiço, Amélia Portela, Adelaide Afonso da Costa e Cecília Afonso (Cilinha Afonso).
Apesar de viverem a sua mocidade num dos períodos mais restritivos da história, coincidente com a 2ª guerra mundial, com a guerra civil espanhola, e com o racionamento, os elementos desta geração cumpriram todos, com maior ou menor protagonismo, a sua função social, fixando-se quase todos na aldeia.
Alguns que, por via das profissões em que ingressaram, viram-se obrigados a sair temporariamente, mas, como dizem os chineses “as folhas das árvores regressam sempre às raízes” todos os que saíram, acabaram por regressar mais tarde à sua origem.
Entre os muitos episódios vividos por esta geração, salientamos o seu dia das sortes. Antes, lá esteve afixado no olmo do povo o edital, com o nome dos onze mancebos, mais os quatro de Santa Cruz, que por pertencerem à nossa freguesia, integravam-se no grupo e eram o Zé da Rosa, Manuel Farragacho, Justino Morais e Lelo Morgado.
Ao tempo, havia uma maior interacção entre as duas localidades, e como prova disso são os vários os casamentos, como o do Lelo Morgado com a Hermínia, irmã do Zé Rico, da Elina Félix com o Aníbal, o Filipe Caneco e muitos mais.
Cumprindo a velha tradição desse tempo do dia das sortes, onde cada mancebo estourava um foguete, como símbolo de valentia e maioridade, nesse ano exorbitaram a tradição, comprando cada um, uma rodada.
O fogo foi tanto ou tão pouco que, houve pessoas de Santo Estêvão, que chegaram a assomar-se aos Pelâmes, convencidos de que havia festa na nossa aldeia. Até o gaiteiro que dava os seus primeiros acordes, tocou nesse dia no largo do tanque.
Muitos dos jovens desta geração, participaram activamente num dos períodos mais ricos do nosso passado cultural, como foi o movimento da JAC - Juventude Agrária Católica, na criação do Gaiteiro de Outeiro Seco, e sobretudo, nos despiques do fogo entre o os bairros do Eiró e do Pontão.
Aliás, foi seguramente a quantidade de fogo estourado nas sortes desse ano de 1945, quem esteve na base da ideia de realizar o despique nesse ano, entre os dois bairros, devendo-se isso à geração desse ano, e ainda hoje recordado.
Logo nesse primeiro ano de despique e pelo Eiró o bairro vencedor, foi mordomo o António Bernardo, fazendo equipa com o Manuel da Cruz e o Agostinho Moura. No ano seguinte, o ano da desforra do Pontão, foram mordomos o Zé Regalia, e o seu primo António do Rio.
A geração de 1925 foi sempre muito unida, ao longo das suas vidas, de tal forma que na década de noventa, quando da comemoração dos seus setenta anos de vida, promoveram nas lameiras do Tâmega, um encontro convívio entre os resistentes, ainda que à boa maneira antiga, reservado apenas para os homens, ficando as mulheres de fora.
A vida destes conterrâneos, cada um por si, tinha muito para contar, ficamo-nos por este breve texto, desejando uma longa vida aos presentes, e saudades dos que partiram, e que descansem em paz.
Nuno Santos