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Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Chegou o rio! Chegou o rio

outeiroseco, 31.10.10

Desta vez foi o Joaquim Ferrador quem deu a boa nova, e mais uma vez o “vaidoso” chegou a um domingo mantendo a sua tradição de se fazer aparecer neste dia da semana.

É que sendo domingo, o povo ao passar na ponte a caminho da missa, pode vê-lo a espraiar-se no seu leito há muito preparado para a sua chegada. Se chegasse num dia de semana, haveria gente que ocupado nos seus afazeres, só daria por ele, quando porventura passasse na ponte.

A chegada do rio é sempre um acontecimento marcante na aldeia. Mesmo para quem mora longe nas conversas com a família pergunta.

- O rio já chegou?

- Ainda não e bem falta nos faz!

- Faz-lhe falta! P’ra quê?

- Olha para lavarmos alguma roupa.

- Homessa! Agora com um tanque no pátio e a máquina de lavar em casa.

- Oh, mas não é a mesma coisa.

A outra coisa é o convívio que o rio permite entre as mulheres do povo, cada vez mais ligadas nos programas da televisão, e menos às conversas com os vizinhos.

Longe vão os tempos das grandes colónias de lavadouros, que se estendiam das Fontainhas aos Pelames, e das cantorias das mulheres enquanto lavavam as roupas e os cântaros do leite. Umas procuravam os lavadouros onde houvesse maior concentração de mulheres precisamente para melhor cuscarem. Outras mais reservadas preferiam os lavadouros mais afastados. Era o caso da Zulmira também ela leiteira  que do seu canto cantava:

A salgueira quando cresce /  Deita a raiz para o lodo / Eu não falo de ninguém / De mim fala o povo todo.

Quando o sobreiro der vaga / E a cortiça for ao fundo / Só então se hão-de acabar / As más línguas deste mundo.

Um beijinho para a Zulmira recentemente operada e as suas rápidas melhoras.

Nuno Santos

 

 

 

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