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Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

O menino ressuscitado

outeiroseco, 20.02.11

Os três protagonistas do episódio

 

 

De Trás-os-Montes se diz que, tem nove meses de inverno e três de inferno, por isso, na canícula do verão, os jovens enquanto guardavam as vacas. Banhavam-se em pelota ou em cuecas, sem qualquer avaliação prévia, em termos de segurança.

Outeiro Seco tem dois rios próximos, a ribeira da Torre, ou rio pequeno, que corre até lá para Junho e, o Tâmega ou o rio grande, que ainda que no verão diminua substancialmente o seu caudal, por causa do transvase para o canal de irrigação, corre durante todo o ano.

Estes dois rios eram o local de eleição para os banhos, mas, quem estava obrigado a guardar as vacas em lameiros distantes dos rios, recorria aos poços para se refrescar.

No lugar do Almeirinho, numa propriedade da D. Beatriz composta de terra e lameiro, e, que a tia Bia, trazia de arrendo, tinha, como uma espécie de enclave um outro terreno, todo vedado, com um poço com um diâmetro e profundidade razoável, donde o senhor Zé Vergas regava Jericó e, os garotos tomavam banho.

Numa dessas tardes quentes de verão, Adelino o terceiro filho da tia Bia deixando as vacas no lameiro, à semelhança do que fizera tantas outras vezes, ia-se despindo enquanto corria para ser o primeiro a mergulhar no poço.

E mergulhou, mas porque ainda não tivesse feito a digestão, ou porque com o mergulho tivesse batido com a cabeça no fundo, o certo é que não voltou á tona. Os outros companheiros de aventura todos eles mais novos, perante a situação entraram em pânico e começaram a gritar pelo senhor Zé do Forno, que andava ali perto em Pedrianes.

Perante os gritos aflitivos dos garotos, o senhor Zé do Forno pressentiu logo que algo de muito grave se estava a passar e, acorreu de imediato. Chegado ao local inteirando-se da situação, atirou-se ao poço sem qualquer hesitação resgatando o Adelino.

De seguida, pegou nele em braços correndo para a aldeia, sem que o Adelino desse qualquer sinal de vida. Pelo caminho, lembrou-se de ter visto em casa do Dr. José Maria Montalvão, o seu genro, o Dr. Silvino Cunha, médico na cidade.

O Dr. Silvino de pronto ministrou ao Adelino vários exercícios respiratórios, que inexplicavelmente devido ao tempo que mediara, o ressuscitaram para a vida.

O Adelino vive actualmente em França, visitando-nos de vez em quando no verão. O senhor Zé do Forno, está aí para contar esta e, muitas outras histórias do passado da nossa terra, haja quem tenha interesse em registá-las.

Nuno Santos

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