Santo Tirso…Santo Tirso...Santo Tirso…
No seu percurso de vida, Augusto dos Santos foi entre muitas outras coisas, intermediário de um comerciante de batata, chamado Avelino. Era dos lados de Santo Tirso, mais propriamente de S. Romão de Conronado (terra onde se fabricavam as malhadeiras), agora pertencente ao recém concelho da Trofa.
Por conta do Avelino “batateiro” assim conhecido, o Augusto, comprou durante alguns anos quase toda a produção de batata na aldeia, que era depois vendida na região do Porto.
Honra lhe seja feita, o Avelino, pagava sempre na hora e, em dinheiro vivo, porque no dia do arranque, havia sempre alguém da casa que era bom de contas, ou não fosse a nossa aldeia, uma terra de estudantes.
Mas como tudo na vida é dinâmico e os negócios ainda mais. Infelizmente os negócios do Avelino começaram a descambar, de tal modo, que não pagou o último carregamento de batatas nem aparecia na aldeia.
Ora o Augusto, na qualidade de seu angariador e intermediário, sentia-se cúmplice com este incumprimento perante os lavradores, e decidiu ir ele próprio a S. Romão, procurar o Avelino.
Este recebeu-o muito bem, e depois das suas justificações, como o Augusto já não tinha meios de regressar nesse dia, deu-lhe pousada em sua casa, instalando-o para dormir num sofá na sala.
O Augusto deitar deitou-se, contudo não conseguiu pregar olho. Durante toda a noite, ouvia uma voz não sabendo donde, que lhe dizia. - “Santo Tirso, Santo Tirso, Santo Tirso, Santo Tirso”.
Só quando o dia aclareou, o Augusto descobriu que, quem falou com ele durante a noite, foi um grande relógio de parede.
Nuno Santos