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Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

A imagem reflectida

outeiroseco, 10.08.11

A senhora Margarida, foi uma das primeiras leiteiras de Outeiro Seco, tendo mais tarde passado esse testemunho a duas das suas filhas, a Laura e a Esperança. 

Já viúva viveu muitos anos na companhia do seu filho Manuel, mais conhecido por Lelo cego, o único que ficou solteiro, devido a um grave constrangimento em criança. O Manuel levou um tiro do Feijó, quando, na companhia do irmão António Dó, andavam com o gado no lameiro do João Rita, actual lameiro das Gomes.

No início da década de sessenta, a economia portuguesa começou a sair da letargia em que esteve mergulhada durante décadas, fazendo-se sentir nas populações rurais algum desenvolvimento. Em parte, devido ao fenómeno da emigração, mas também, porque se passou a produzir mais, e a escoar melhor os produtos da terra, entre os quais, a batata e os cereais.

Com isso, as famílias foram adquirindo alguns bens de conforto, requalificando as casas, adquirindo fogões e outros móveis, entre os quais os guarda-fatos, mais conhecidos por guarda-vestidos. Vá lá saber-se porquê esta designação, pois se ali se guardava todo o género de roupa de mulher e de homem. Estes móveis mantêm ainda hoje o mesmo modelo. Têm três portas, sendo a do meio espelhada para quem se está a vestir poder mirar-se e compor-se ao espelho.

Um dia a senhora Margarida, sabendo que a sua amiga Maria Mafalda estava acamada, decidiu ir visitá-la. Ao entrar no quarto disse para a doente.

- Então Maria! Disseram-me que estavas tão doente na cama e já andas a pé?

- Não mulher! Responde-lhe a outra da penumbra do quarto, mas deitada na cama.

 – Eu pr’áqui estou, como Deus quer! Tu é que te estás a ver ao espelho do guarda-vestidos.

Nuno Santos

 

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