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Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

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A nossa primeira equipa

outeiroseco, 05.01.12

Por diversas vezes o tema do futebol na nossa aldeia, foi já abordado neste blog, mas também jornais e revistas editados pela Casa da Cultura, mas creio que ainda nunca escrevemos sobre a nossa primeira equipa de futebol. Sabe-se que foi António Dias, quem no ano de 1927, trouxe de Lisboa a primeira bola de cautchú, mas um jogador não faz uma equipa, citemos então os seus restantes elementos?

Como já lá vai quase um século que, de uma forma organizada, se deram os primeiros pontapés na bola na nossa aldeia, foi necessário fazer a recolha junto das nossas habituais fontes de memória, ainda vivas. Para que o nome destes atletas, fiquem na nossa memória colectiva.

 Eis o nome dos nossos primeiros jogadores. Guarda-redes o Miguel Pereiro, defesas Manuel Moura, Manuel Félix, Manuel Benedito (Canelhas) e Zé Merceana a médios, Joaquim Merceana, João Martins, e António Feijó na frente Armando Feijó, António Dias e Lépido Ferrador.

Não sabemos quem era o treinador nem qual o sistema táctico utilizado. Presume-se que o treinador fosse o dono da bola, numa prática muito utilizada, por vezes o jogo até acabava quando o dono da bola entendia. Quanto à táctica utilizada e atendendo à natureza do terreno de jogo, um areal, tudo leva a crer que fosse, pontapé para a frente e fé em Deus, ou então todos à molhada.

O tio Dias costumava contar alguns episódios saborosos, desses encontros com outras aldeias, nomeadamente com Vila Verde da Raia. Num desses encontros, e no calor do jogo, ele próprio foi agredido por um adversário, mas como estava em território adverso, aguentou-se. Umas semanas depois, houve um novo jogo com Vila Verde da Raia, mas desta vez na nossa aldeia. Mal se iniciou o jogo, o tio Dias aproveitou-se logo para retaliar sobre o adversário que o agredira no jogo anterior, dizendo com satisfação. – Já estou bingado.  Houve um tremendo sururu e o jogo esteve para acabar logo ali. Foi graças à diplomacia do tio Lépido Ferrador, que, mediou o conflito e o jogo continuou.

Os elementos dessa equipa são obviamente todos falecidos, mas transmitiram o gosto e a paixão da bola, para os seus filhos e netos. Alguns, porque morreram cedo e não deixaram descendentes directos, foram sobrinhos quem deram sequência a essa tradição. Referimo-nos a Manuel Moura, irmão de António Moura e a Manuel Benedito (Canelhas), assim como os irmãos Feijó, ainda que estes falecessem mais tarde, em especial o Armando que, viveu muitos anos no Lar da Santa Marta, mas não lhes são conhecidos descendentes na aldeia.

Foram então estes, os primeiros atletas que representaram a nossa terra, nos finais da década de vinte, princípios da década de trinta, e digo representaram a nossa terra e não defenderam as nossas cores, por duas razões.

A primeira porque na altura não havia um equipamento próprio, jogavam em ceroulas e tronco nu, uns descalços, outros com alpercatas, e o campo era no areal das Rigueiras, só muito mais tarde, se transferiu o campo de jogos das Rigueiras para as Antas.

A segunda razão é porque em Outeiro Seco, nunca se adoptou uma cor comum para o equipamento de futebol, quando passou a havê-lo. O primeiro equipamento, adquirido no início da década de cinquenta, era listado a preto e branco. O segundo foi vermelho, a partir daí, cada vez que se muda de equipamento, tem sido com uma cor diferente. Em meu entender, foi uma pena não se ter adoptado uma cor permanente, para o nosso equipamento, a exemplo das equipas tradicionais e mesmo de outras aldeias.

Retomando à primeira equipa são ainda vários os actuais atletas da nossa terra, que descendem desses nossos primeiros jogadores. Mas permitam-me uma discriminação positiva para o Gonçalo Félix, actual jogador do Pedras Salgadas, actuando como defesa. Já o seu pai, Flávio Félix fora na década de setenta, o esteio da nossa defesa, tal como o seu avô Manuel Félix, o fora na década de trinta.

Nuno Santos

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