Outeiro secana da 2ª Geração
Expõe em Almada, na biblioteca José Saramago.
Apesar de este país não ser para artistas, há sempre quem não resista ao seu ímpeto criador, e ainda que não o faça como meio de sobrevivência, não se exime de mostrar aos outros, o que de mais nobre lhe vai na alma. É disso exemplo a Laura Moura, o nome artístico da nossa Filipa, filha de Artur Moura e Carminda Chaves, outeiro secana de segunda geração, com um largo passado na área da criação artística.
Vencedora de vários prémios literários no DN Jovem, um suplemento do jornal Diário de Notícias e da Câmara de Almada, a Filipa, é licenciada em psicologia pelo ISPA - Instituto Superior de Psicologia Aplicada, sendo essa ferramenta o seu modo de subsistência, como funcionária da Fundação Inatel, após o fim da sua ligação com a Companhia de dança Olga Roriz, por falta de apoios estatais, aos criadores culturais.
Laura Moura tem desde ontem na biblioteca José Saramago no Feijó – uma exposição de fotografia, designada “Meu dito meu feito”, com fotografias ilustradas que ajudam na preservação da memória de várias personagens, pelas onze freguesias do concelho de Almada.
Ainda no âmbito desta Quinzena Jovem, no próximo dia 24, é animadora de um workshop denominado “Ensaiar as Palavras”, uma oficina de escrita intergeracional, com a presença de jovens e séniores, neste ano europeu do envelhecimento activo e da solidariedade entre as gerações, proporcionando o diálogo e a troca de saberes. De salientar que na capa promocional deste workshop, apresenta uma fotografia do seu avô, António Chaves, em diálogo com o seu neto Miguel.
A exposição de fotografia, promovida pelo departamento cultural da Câmara Municipal de Almada, mostra-nos que, Almada e as suas onze freguesias são bem mais que, uma urbe de betão, onde se albergam como dormitório, não sei quantas almas, rendida aos novos modelos de vida, como as idas ao Almada Fórum. Bem pelo contrário, em todas as freguesias do concelho existem uma série de autóctones resistentes, com actividades que vêm atravessando os tempos, como; o sapateiro, o barbeiro, a taberneiro, a merceeiro, a papelaria, ou a Meta, uma casa de jogos, na cosmopolita Costa da Caparica, que mantém o mesmo aspecto de há quarenta anos, quando eu a conheci pela primeira vez.
Todas as fotografias estão catalogadas, com belos textos escritos pela artista, retratando aspectos da vida e profissão dessas pessoas. E foi gratificante observar a satisfação dos intervenientes que visitaram a exposição no dia da abertura, vendo-se ali tão bem retratadas quer visualmente, como a descrição dos aspectos da sua vida profissional e humana, por alguém que eles não conheciam.
Esperamos que este trabalho não se fique pela exposição ao público, e a Câmara de Almada, uma das câmaras que muito faz pela divulgação da cultura local, proporcione a publicação deste trabalho em livro, para que chegue a um público mais vasto, do que aquele que visitará esta exposição.
Nuno Santos