Apresentação do livro “Os Meus Poemas”
É com grato prazer que publicamos a apresentação do livro "Os meus Poemas", dando os parabéns ao Sr Manuel pela sua obra que iremos, em breve, ter o prazer de ler. Falará, estamos certos, de muito amor e boas recordações.
A poesia, segundo o modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte. A arte é a poesia, a obra o poema, e o poeta o artífice. No sábado dia 19 de Maio, tive o privilégio de participar no lançamento do livro “Os Meus Poemas” cujo artífice foi Manuel Pires dos Santos, um beirão nascido em 1926, e cuja formação académica adquirida, foi apenas a universidade da vida, de quem eu e a Celeste por via da sua filha e genro, a Rosário e o Júlio, somos amigos há mais de trinta anos.
Este livro sendo o espólio de uma vida, é sobretudo uma homenagem do Sr. Manuel à sua mulher, D. Angélica, falecida em 24 de Abril de 2011. È um livro escrito com muita paixão pela sua família, pelos amigos, pela terra onde nasceu e que apesar de ter abandonado precocemente, jamais esqueceu, retratando ainda coisas da vida, umas melhores que outras, no fundo como a vida de qualquer um de nós.
Foi uma festa muito bonita reunindo toda a sua família e amigos, alguns dos quais, tinham servido de mote aos poemas descritos no livro.
Eu tive o privilégio de escrever o prefácio, assim como de fazer a sua apresentação, favores dessa amizade que perdura há tantos anos. Acresce-se que o livro foi composto e impresso em Chaves, na Gráfica Sinal, tendo o nosso amigo Nelso Sousa, efectuado um trabalho extraordinário, elogiado por todos que receberam o livro, em sinal de que Portugal, não é só Lisboa, e de que também há muita qualidade na província.
Se em Outeiro Seco houvesse uma Associação dos Amigos de Outeiro Seco, esta família, apesar de não terem qualquer raiz com a nossa terra, juntamente como o Herculano Pombo, seriam seus associados, tal o gosto que têm por ela, expresso na quantidade de vezes que a visitaram, e razão pela qual o blog presta ao Sr. Manuel esta homenagem, felicitando-o por este momento tão importante, para ele, e para toda a sua família.
Deixo aqui um dos quatrocentos e quarenta poemas que o livro contém:
O Menino da Rua
Não tem carinho nem beijos,
Nem afagos de ninguém,
Para matar seus desejos,
Quantas… quantas vezes,
Rouba o que não tem.
É menino abandonado,
Como o animal vadio,
Quando chega a qualquer lado,
É sempre mal olhado,
Quantas vezes cheio de frio.
Quantas vezes no seu passado,
Vê o mundo com ingratidão,
Fala dele amaldiçoado,
Nele está magoado,
Lhe dá sua maldição.
No mundo vivendo assim,
Na rua um marginal,
Um dia chegará o seu fim,
Irá morrer num jardim,
Na prisão ou no hospital.
26 Jan. 1993