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Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

Outeiro Seco, Tradição e Modernidade

Aldeia transmontana

A justificação do lugar onde, hoje, é bom viver

outeiroseco, 12.02.07

De Outeiro Seco, dito o nome, haveria de supor-se que tudo o mais, gentes, terras e o viver que nelas se faz, estaria contido, se não na geográfica expressão, ao menos na imagem árida que dela se desprende. Pois que um outeiro é, em geral, lugar de poucas frescuras e, no caso presente, o seco, na redundância em que se comprazem certos adjectivos, outra coisa não faz que esboroar o tímido esboço de uma visão bucólica, que de uma aldeia se trata afinal, que mais seria de pedir aos olhos da alma que vissem num sítio de nome assim agreste? Mas manda a verdade que se diga, e escreva, que não de um mas de vários outeiros se compõe e desenha a terra, e quanto ao seco, se há lugares nela onde a água não deixou memória, outros há que ressumam frescura, leiras de chão macio, deitadas, bebendo no Tâmega como vacas em bebedouro. Nuns e noutros é ver um povo de homens e os bichos, mourejando a par, numa persistência que, não sendo já destes tempos, parece reger-se por ritmos de eternidade.
 
In livro “crescem pães pelos outeiros”, Herculano Pombo e Altino Rio